Wednesday, February 21, 2007

LONGE DO REBANHO

Saia de casa
caia na farsa
abrace a cachaça
como um último amigo.

Encoste
num muro
num poste
e aposte
nas palavras sem sentido.

Fume imaginação
assuma a vocação
de criar a ilusão
só sua.

Aquele monstro feio
a alegria sem freio
é você diante do espelho
a mutável criatura.

Um ser disposto
a manter o gosto
pelo cão que lambe o rosto
de quem não aceita a vida imposta.

Essa vida de bicho
na lata do lixo
com cheiro de mijo
e gosto de bosta.

Tome a lua
diga que é sua
no silêncio da rua
ninguém vai duvidar.

Os ratos
as baratas
os morcegos com suas asas
as pessoas dormindo nas casas
não hão de atrapalhar.

E quando o sol surgir inteiro
escravos trabalharão por dinheiro
o mal primeiro
de toda essa turma.

Você?
Volte para seu rebanho
tome um banho
daqueles sem tamanho
e durma.


( Dio Costa ) www.diocostarj.blig.ig.com.br
www.diocostapalavra.blogspot.com

1 comment:

Blog da Morgana said...

Dio, o poeteiro... opa, quer dizer, o poeta... Q dizer dessa nova? Muito legal, bem "bitter".
Tem o cão q lambe a boca d quem se deixa lamber no cair da madrugada. Depois dessa experiência única, será q o personagem consegue voltar ao rebanho? E será q o personagem é o mesmo? Será que o rebanho é o mesmo? Toda vez que se dorme, acorda-se em um novo dia?